Thursday, July 21, 2011

Os Velhos - Os Velhos (2011)

Once again I'll have to apologize to the English readers due to the fact that I'll be writting this post in Portuguese, not only because I'm back in Portugal (even if only for a short period of time) but also because the subject in hands is a Portuguese band! Let this not stop you from getting to know a little bit more of "Os Velhos" (can't really figure out which translation would suit "Velhos" best... maybe "the old guys"... I don't know). 

They are considered to be one of the "wonder kids" in Portugal's indie rock music scenario and personally they are one of my favourite groups coming up!  

I hope all of you can still enjoy their music, even if you can't make sense of the lyrics...

Bem meus caros, 

Posto este texto introdutório destinado a quem deixei para trás em Londres, quero vos dizer que este disco d'Os Velhos há muito andava no meu iPod, tendo eu ouvido várias vezes back to back... Ora porque adorei grande parte das faixas, ora porque havia temas que simplesmente não me caiam bem no ouvido à primeira e como tal, decidi dar outras oportunidades...
Confesso que depois daquele EP em 2009 a fasquia estava alta ! Estes miúdos de Lisboa deixaram desde logo boas indicações nesse "meio disco" e ainda mais nas suas prestações ao vivo! Com uma dinâmica forte e uma musicalidade impregnada de juventude e alegria, parece difícil não gostar deles...

Comparações são inevitáveis, principalmente com os The Strokes a quem as melodias parecem ter algumas semelhanças, mas não se iludam! Há uma identidade muito própria neste grupo... A começar pelas letras e a acabar na voz do Francisco Xavier (mais conhecido por Kika) que apesar de muitas vezes não respeitar determinadas normas de conduta (porque ignora a métrica dos temas ou simplesmente porque desafina) fá-lo de forma eficiente e cheio de intenção! Mas isto está longe de ser um "one man show"! Zé Preguiça, Lucas e Sebastião não se deixam ficar pela sensação de "dever cumprido"! Há muita entrega e talento e isso sente-se de uma forma avassaladora... não fossem eles uma grande aposta da editora Amor Fúria, que cada vez mais tende ser visto pelos ouvintes como uma das pequenas "grandes editoras"!


Agora, sem seguir propriamente um tipo ordem, faço pequenas notas/comentários à setlist que compõem este álbum de estreia.

Conservação dos Pregos é a eleita para abrir as hostes e fá-lo em grande estilo! Não consta de forma alguma no meu top deste projecto, mas isso serve apenas como indicador da qualidade do disco, feito com arte e engenho nos confins de Évora!

Saltamos Quem Quer (um cruzamento de Strokes e Ramones) e chegamos a Deixa-me Dançar, tema este que tão somente se arrisca a ser a minha "música oficial do Verão 2011". Com um refrão que facilmente fica na retina, passando pela ressonância das guitarras que faz bater o pé e dançar (um pouco como o titulo sugere)... é caso para dizer (de pulmão aberto e com convicção) "Deixa-me Dançar"! Se algum tipo de inércia e desalento existe, Quica e companhia certificam-se de acabar com isso (sem qualquer tipo de moderação) apenas com os primeiros acordes... 
E então se chega o refrão a sala pega fogo!

Há que também falar sobre as que sobreviveram a transição do EP para o disco ... Era Moderna e Foi Assim Que as Coisas Ficaram. Ambas sofreram alterações nos arranjos, na produção... não deixando de perder a sua essência original é certo, mas passando a ter diferenças perceptíveis ao ouvido. Mesmo o Tempo dos Passeios, que nos tinha sido apresentado em tempos no MySpace da banda, passou por essa transformação!
Inicialmente céptico se estariam a fazer a opção certa, escutei com curiosidade (e algum medo à mistura) apenas para chegar à conclusão que se há mudanças acertadas, há outras que com alguma pena vejo acontecer (assim de repente a que me vem agora à cabeça é o inicio original de Foi Assim Que as Coisas Ficaram com as segundas vozes que na minha opinião assentava lindamente). Obstante disso, são músicas fortíssimas, principalmente Tempo dos Passeios que saliento como sendo "A" grande malha desta compilação.

À Minha Alma é um exemplo perfeito na forma como as palavras são conjugadas em jeito de poesia ao melhor estilo Lusitano, ainda que abdicando do arcaico para ser adaptado aos dias correntes. E quando as vozes dos restantes elementos se elevam para acompanhar o vocalista, sentimos uma manifestação, ou melhor, um desabafo sentido que quase fazemos dele nosso!

Controlo e Contrição é insípido! Não me diz rigorosamente nada até sensivelmente os 2.12, momento este em que começa um instrumental em modo crescente que felizmente antagoniza o que para trás ficou!

Senhora do Monte é um tema fundamental de ser abordado porque afinal de contas, é o single de apresentação e o primeiro teledisco (belíssimo diga-se) da coqueluche portuguesa. Tema condecorado com um instrumental inacreditável, confesso que não fiquei imediatamente rendido ao refrão! É daqueles casos em que aprendi a gostar há terceira ou quarta "escutadela". Inesperadamente e talvez de forma abrupta, senti uma mudança se abater sobre mim, tal foi a forma efusiva e descontrolada com que comecei a repetir sucessivamente (e num ritmo frenético): Senhora do Monte!

Por fim, quero salientar Maria Diz!
No inicio passei por algumas dificuldades em gostar do tema de encerramento deste álbum homónimo... E isto acontece quando tudo indicava o contrário, pois os primeiros minutos absorveram-me completamente e numa demonstração de êxtase emocional, senti cada palavra proferida com intensidade! O meu problema foi ter "chocado" com a recta final que sinceramente deixou a desejar na altura em que a estreei no meu iPod!

Suponho que me tenha levado mais tempo a apreciar totalmente, mas certo e sabido (como muitos amigos me avisaram) acabei por me apaixonar, apesar de ser da opinião que a distorção da guitarra perto do fim ofusca em demasia a voz, que com os gritos (quase em desespero) tende ficar cada vez mais difícil de se ouvir com a aproximação do final. Contudo, isto não lhe retira qualquer tipo de mérito sendo facilmente (e compreensivelmente) o tema mais arrebatador para muitos!
Adoro a paixão com que Kika se entrega à letra, sendo esta aquela que considero ser inquestionavelmente a mais densa, profunda e sincera!



Quinta-Feira à noite é no Rossio... Sábado é no Rio... Eu não tenho frio... 
...
Deixa-me Dançar...
Tu não sabes o que queres...
Deixa-me Dançar...



Chegou o tempo dos passeios, quatro da manhã... noites sem dormir, sem querer dormir...
  O tempo das palavras, vinte primaveras, corram as panteras...


Se eu te pergunto quanto custa não morrer... A conversa é outra, a conversa é outra...
A vida inteira... o que é que queres fazer? A conversa é outra, a conversa é outra...

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