Dia 8 de Julho, foi o primeiro dia do festival Optimus Alive, festival este que tem primado pelo seu cartaz cada vez mais forte. A aposta parece óbvia! O cenário indie está em constante crescimento, o que certamente leva a promotora a fazer um maior investimento neste meio, tendo um palco próprio para que as bandas enquadradas no género possam estar o dia todo.
Desde que dei entrada no recinto às 17horas até à saída, abandonei exclusivamente a zona do palco Superbock (nome atribuído ao tal palco indie de que vos falo) para ir buscar cerveja ou jantar. É certo que no palco principal haviam boas bandas a tocar que infelizmente não consegui ver (casos de Kasabian e Faith No More). Por outro lado, a tenda electrónica e o restante, já não me interessavam tanto (ou mesmo nada).
Seja como for, o dia de ontem foi bastante produtivo... vi nada mais, nada menos que 6 concertos (todos no mesmo palco, como mencionado)!
Eis os meus eleitos:
Fazia calor (felizmente suportável) quando os Local Natives começaram a tocar. Estavam eles na primeira música e eu a entrar no recinto. A expectativa era grande pois noutro blog já tinham comentado que eram bons ao vivo, e eu ainda para mais, que tanto gosto do álbum deles (
aqui referenciado [1] [2]) queria ver o que me estava reservado. Acompanhado na altura por apenas um amigo e uma
jola na mão, fiquei feliz por denotar que a banda tem uma química especial em palco. Instrumentalmente e vocalmente, fizeram as delicias da malta que já se encontrava ali presente. Pena que só tivessem tocado pouco mais de meia-hora, tendo encerrado a sua visita a Portugal com os seus dois melhores temas (na minha modesta opinião),
Airplanes e
Sun Hands. Uma despedida em grande estilo, para o pouco público ali presente, depois de 30 minutos intensos com bom astral.
(filmei o tema Airplanes, mas tal forma que cantei aos berros - desafinando de forma ridícula - achei por bem poupar-vos a esse sofrimento)
Previa que na altura do desfecho, aqui os nossos Natives permanecessem no topo das melhores performances do dia. E assim foi...
Com o intervalo, surge a mudança do palco, surge mais cerveja, surge mais companhia, surgem momentos sociais de encontros e reencontros...
Seguiram-se os The Drums...
Meus caros, o momento alto do dia! Não acredito que haja alguém, que tenha presenciado este concerto, que possa contrariar o que aqui escrevo. Diria que foi quase unânime entre a audiência... chegaram e partiram a loiça com temas do
EP Summertime e do álbum homónimo, tendo apenas ficado de fora (com muita pena minha)
I Felt Stupid, uma das minhas malhas favoritas, como já
aqui [1] [2] referenciado. Instalou-se o verão naquela plateia, que como eu, aguardavam ansiosamente o quarteto proveniente de Brooklyn. Dancei, cantei, fiz palhaçadas... em suma: curti para caraças, aquilo que correspondeu completamente às minhas (elevadas) expectativas, numa altura onde muitos poderiam dizer que era um erro esperar tanto de algo tão "banal". Ora, banal para mim nunca foi e sempre vinquei a minha opinião de forma acérrima, mesmo quando achavam o meu grau de apreciação para com os "miúdos" exagerada...
Notória a presença em palco dos quatro, principalmente de Jonathan Pierce, o líder da banda, que no seu estilo invulgar, contagia as pessoas que o observam e ouvem. Acabam com o seu
hit single (que expressão mais
corny!)
Let's Go Surfing, que imediatamente desponta um "moche", embora
soft e reservado a uma pequena área onde por acaso acabei por me juntar.
Mais um intervalo e tudo aquilo que se segue com ele... estávamos agora em estágio para Devandra Banhart!
Em palco se apresentou com uma imagem mais low key do que o habitual. Muito hippie com toques de surf, foi assim que me pareceu. A ocasião quase que pedia aquele visual que em tudo pareceu ter caído bem na evocação do ambiente de festival de verão.
A música menos mexida, mas nevertheless, boa (embora obviamente, diferente). Num curto set, ficámos elucidados relativamente à qualidade da banda que o acompanha mas não tanto em relação ao potencial do seu líder. Isto talvez porque se calhar esperava-se um pouco mais, sabendo que é homem de muitos recursos...
Agora restam apenas os três nomes mais sonantes (para a maioria, mas não para mim) do cartaz, deste palco sendo a próxima da fila, a senhora Florence Welch com a sua "máquina"(s).
Por experiência própria, sabia que estava assegurado talvez um dos melhores concertos de todo o festival, não fosse este grupo um perfeito catalisador de energia pronta para explodir e incendiar o palco e plateia. Eu que já tivera oportunidade de os ver na aula Magna, sabia o que me esperava. Talvez por isso não tenha ficado tão entusiasmado com a sua subida ao palco nem com o resto do espectáculo. Era natural que, com tão pouco tempo de intervalo (do concerto da Aula Magna) e ainda apenas com um álbum nas suas fileiras, o concerto fosse saber a um pouco a "mais do mesmo". Já quase sóbrio, entrosei-me na multidão - cada vez mais apertada - para assistir
yet again à magnifica Florence, que começou e acabou o concerto sempre num ritmo acelerado. Muito intervencionista, puxou dos galões para fazer o mesmo que fez na aula Magna... atiçar fogo à zona
Superbock (embora sempre num registo muito idêntico ao que já tinha visto anteriormente, tendo até "caido" no erro de quase repetir o mesmo discurso dessa noite)
Anyway, Missão cumprida! A par dos The Drums, Florence + The Machine foram o "acto" mais comentado e apreciado pelas pessoas que me rodeavam, tendo comprovado toda a
hype à volta do nome do grupo já numa escala fora do circuito
indie (ou seja, num âmbito comercial).
Posto o final deste concerto, dei inicio aos meus afazeres da noite: ir buscar jantar e mais cerveja! ERRO (fatal!)
Ao sair da minha zona, teria acabado de comprometer um bom lugar para ver os The XX. Se pensava que não podia ficar ainda mais insuportável estar no meio da plateia, estava redondamente enganado! Seguiu-se uma outra enchente - absurda diga-se - para ver os britânicos musicalmente mais in dos últimos dois anos.
Claro está, levei séculos até que me fosse possível reunir com a malta... isto porque além da multidão, fiz questão de estar "paradinho" com olhos postos no palco sempre que tocavam, ou seja, entre cada música tinha de forçar a minha passagem rapidamente. De tal maneira fiz um esforço, que eventualmente deixei de ter coragem para sair em direcção ao palco principal, onde tocavam os Kasabian (um dos grupos que também queria ver). A minha ideia era ver metade de cada, mas enfim...
you can't win them all!
The XX, como já se afigurava, não é um espectáculo tremendo, dado a sua música e estilo minimalista! Não é para saltar e dançar loucamente, mas antes curtir a música com atenção...
Garanto-vos que é facílimo mergulhar na sua sonoridade, tendo como aliado o jogo de luzes montado em palco, porém, acredito que as horas em que tocaram foi uma má gestão do alinhamento. Claramente, o peso do nome conferiu-lhes o direito de tocar a aquelas horas, mas acho que tendo em conta o andamento que já se trazia do concerto de Florence and The Machine, a sua performance acabou por se traduzir numa quebra massiva, tendo eu sido uma das suas grandes vitimas. A música dos The XX é, como se costuma dizer, "parada/paradinha" (quando comparado por exemplo ao ritmo imposto por exemplo pelos The Drums), logo, não fez para mim sentido. Já teria feito completamente a diferença a troca entre as bandas do
U.K. Seja como for, mais uma vez, um excelente concerto com grande maioria das músicas do álbum de estreia tocadas, e apenas com uma "critica" (que não é bem isso) a apontar. Já que a Florence estava ali "por perto", era de aproveitar tocarem a sua
new and improved version do tema
You've Got The Love. Acredito piamente que muitos eram aqueles que esperavam um
encore com esta malha.
Não interessa... chegaram aquelas que tocaram... como esta que se segue (inacreditável!).
Por fim, La Roux, a quem eu não reservo muitas palavras pois não sou grande apreciador, logo, serei sucinto.
Não compreendo a loucura toda em redor deste nome, que aparentemente tem marcado o mercado com a sua nova tendência musical. Ainda procurei encontrar argumentos que de alguma forma validassem o seu sucesso, mas não os encontrei. Não é, no entanto, algo que critique outros por ouvirem (como quem diz "como é que és capaz?") Simplesmente não me revejo neste estilo, muito ligado à electrónica (algo que eu assumidamente não sou grande apreciador). Daí esta minha precaução, em justificar o facto de estar desconectado, de alguma forma desconcertante, por serem tantos os meus amigos que a ouvem.
CONSENSO:
Saliento, com particular agrado que os meus dois MVP's do dia foram Local Natives e The Drums com concertos que deram o mote para o que prometia ser uma noite épica!
Num dia marcado pelo bom gosto musical predominante no palco secundário do recinto, apenas "aponto o dedo" ao destoar praticado com alternâncias de energia com a entrada dos The XX, sendo que eles nada responsáveis, pois entraram em palco para mandar um "ganda" concerto e assim o fizeram! Lamentável diria, só pela passagem de uma electrizante Florence para algo tão mais discreto. Mas para que não haja margem para dúvidas, repito, The XX são mesmo bons! (Agora... imagino só os estragos que fariam os Drums caso tocassem mais pela noite fora, quando o ambiente pedia mais alcool, festa e dança.)
8 de Julho... em grande!