Adivinhava-se uma noite mágica no Coliseu dos Recreios, naquilo que foi o regresso dos
The Walkmen para apresentar o seu mais recente trabalho, intitulado
Lisbon (2010). Naturalmente, havia uma outra mística impregnada neste concerto, pelo facto de o último
cd ser inspirado nas "andanças" da banda pela nossa capital.
Não é todos os dias que temos oportunidade de ouvir um projecto tão simbolicamente chegado ao coração dos Portugueses e como tal não me logrei de perder esta oportunidade, digo eu, única!
Casa composta (com a plateia lotada) aguardava a chegada dos norte-americanos, mas antes, houve tempo para ouvir Os Golpes, que no seu próprio espaço e tempo, deram o mote (ao seu estilo) para um excelente serão. Em 45 minutos intensos, os Golpes percorreram uma série de músicas retiradas tanto do álbum
Cruz Vermelha sob Fundo Branco (2009), como o recente
G (2010). Pude nesse período constatar que as pessoas estão cada vez mais familiarizadas com os Portugueses pela forma como reconhecem as melodias e cantam as letras. Pena que os lugares na plateia fossem sentados, pois a sonoridade d'Os Golpes exige um pouco de "bailarico". Enfim, que eles são bons não me restam dúvidas... Não há muito mais que eu possa acrescentar ao que já foi dito/escrito - inúmeras vezes - antes.
Posto a "sessão de abertura", houve as habituais mudanças no palco e volvidos alguns minutos, eis que entram em cena os Walkmen. O público dá-lhes as boas-vindas de forma efusiva ao que a banda não tarda em responder com uma saudação em Português ("Boa Noite") seguida da música
While I Shovel The Snow, retirada do seu projecto mais recente. Logo aqui podemos constatar a força que este seu novo álbum ganha ao vivo. É que
Lisbon, para os que ainda não ouviram, mantém um registo
soft, talvez o mais
soft de toda a sua discografia, contudo, a sua sonoridade transfigura-se no palco ganhando outra força... outra dinâmica! Isso ficou bem explicito por todo o concerto, onde
Lisbon foi o
cd mais representado da noite, com músicas tais como
Angela Surf City,
Blue as Your Blood,
Victory ou a mais triste (segundo Hamilton)
Woe is Me, curiosamente detentora de uma melodia que contrasta com a letra.
Pelos
raids feitos entre
Bows and Arrows (2004),
A Hundred Miles Off (2006),
You and Me (2008) e afins, Hamilton Leithauser deliciou a plateia com a sua entrega em palco e com a sua voz electrizante (que para mim tem um trave de Bob Dylan "arockalhado"). Mas o protagonismo não se ficou apenas por Hamilton, pois o resto da banda esteve sempre à altura... principalmente Matt Barrick que freneticamente "espancou" a bateria de uma forma impressionante!
Ao fim de pouco mais de uma hora, veio o
encore com
Donde Esta La Playa,
I Lost You e
We've Been Had, esta última a ser coroada com muitos aplausos, em jeito de "Até Breve".
Foi sem dúvida um concerto memorável que carrego comigo para toda uma eternidade... mesmo apesar de terem sido excluídas do reportório para a noite, alguns dos meus temas favoritos...