Numa sala de espera, deparei-me com uma edição já desactualizada da revista Timeout - Lisboa. Tinha algum tempo para queimar... e os tópicos, pelo menos alguns deles, pareciam interessantes. Dei portanto inicio à leitura. Não demorou muito até que chegasse a um artigo que me cativou de imediato.
Amamos gente que canta no carro - "espectáculo!" - comentário feito no silêncio do meu subconsciente!
À medida que avançava, foi dificil conter o sorriso rasgado... identifiquei-me com o conteúdo do artigo, tendo ficado com a sensação que eu era o objecto de estudo da autora. "Sou eu!", pensei para mim!
Entretanto chamam pelo meu nome... e eu que estava totalmente desconectado daquela sala, absorvido num comentário que aparentemente não é nada por aí além, mas que de tão próprio e pessoalmente chegado parecia... tirei uma fotografia ao artigo com o meu telemóvel para que pudesse aqui partilhar o texto.
Amamos gente que canta no carro
por: Ana Garcia Martins
São raras as ocasiões em que sabe bem estar parado no meio do trânsito, numa pára-arranca que nunca mais acaba. Talvez quando não se tem grande pressa em chegar ao trabalho (tipo… sempre). Quando se está a trocar olhinhos com o giro do carro do lado. Ou quando vemos gente completamente envolvida pela música que vai a ouvir. São pessoas que cantam, são pessoas que dançam sentadinhas no seu lugar, são pessoas que abanam a cabeça ao compasso do ritmo, pessoas que chegam a abanar os bracinhos no ar. E isso é bonito e dispõe bem. É bom saber que há pessoas que se conseguem abstrair dos stresses típicos da condução, e que conseguem apreciar essa experiência soltando o cantor e o bailarino que há dentro de si. Tentamos adivinhar que música vão a ouvir e que lhes provoca tal felicidade, para sintonizarmos o rádio na mesma estação. Não vale a pena, é um estado de espírito que apenas os mais descontraídos e de bem com a vida conseguem atingir. E é sobretudo giro porque a malta raramente se lembra que está a ser observada. E que está a alegrar a vida de quem está altamente entediado. Não nos levem a mal, pessoas que cantam. Não nos estamos a rir de vocês. Estamos a rir-nos convosco.
Pertenço a esse clã de loucos que canta e dança no carro como se não houvesse amanhã...
... e tomo orgulho nisso !
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