A riveting look at the life of legendary DJ "Petey" Greene, Talk to Me goes beyond the typical biopic with explosive performances from Don Cheadle and Chiwetal Ejiofor.
Não sou muito de ver televisão... muito menos filmes que pairam em canais onde sistematicamente repetem as mesmas coisas... filmes que na sua grande maioria, ou já vi ou não tem interesse. Também contribui para esta falta de adesão a facilidade que existe em obter os dvd's na internet. Qualquer televisão que seja recentemente fabricada já vem com uma entrada USB instaurada para a leitura dos divx's. Vejo o que quero e quando quero, sem que seja a estação televisiva a determinar os meus horários, consequentemente controlando a minha vida.
No entanto, existem sempre aqueles momentos onde o timing é certo, o zapping joga a nosso favor e o filme, e no mínimo apelativo. Anteontem foi um desses momentos. Sentado na sala de um amigo, enquanto este fazia zapping, deparou-se com algo que lhe parecia familiar. Demorou uns segundos a realizar que filme era, mas eu quando vi o Don Cheadle (esse grande actor) entrar em cena e o contexto em que a acção se desenrolava, imediatamente o meu cérebro começou a filtrar informação, tendo eu uma ideia remota de ter visto a capa do filme. Não sabia ao certo do que se tratava, nem a composição do resto do elenco... apenas sabia que estava relacionado com a rádio. Tínhamos perdido no máximo os primeiros cinco minutos, e na falta de programa melhor (já era mais que dado adquirido que não íamos sair de casa) we just kicked back, relaxed, and watched the movie. Logo o enredo começou a ser montado com diálogos engraçados e irreverentes, uma personagem assumidamente destacada, mas bem auxiliada (ou complementada) por um elenco secundário todo ele carismático e com qualidade. Taraji P. Henson, Mike Epps, Martin Sheen e Cedric The Entertainer são alguns dos nomes que constam nesta longa-metragem, mas é principalmente Chiwetel Ejiofor que melhor acompanha Don Cheadle. Ejiofor desempenha o papel de Dewey Hughes... Amigo, (de alguma forma) mentor e agente, tornando-se o principal responsável pelo concedimento de uma oportunidade única a Petey de singrar na rádio.
Mas im getting way ahead of myself...
Talk To Me (só mais tarde vim a descobrir o nome do filme), com a acção a decorrer em Washington DC nos anos 60, conta a história de Petey Greene (Cheadle), um ex presidiário que após ser libertado, procura um amigo (o tal Dewey Hughes de que falei, desempenhado por Ejiofor) com intenção de o fazer cumprir com a promessa, de que este lhe arranjaria um emprego na estação radiofónica onde trabalhava. O que inicialmente começa por ser uma cena com grande aparato, tendo sido criada uma primeira impressão nada favorável com o presidente da estação e os seus subordinados (ao contrário do que acontece com as pessoas que visionam o filme que topam logo o que lhes espera... um diamante em bruto, como se costuma dizer) acaba por ser a revelação de um talento nato em chegar às pessoas através da exposição da verdade de forma "pura e dura", denunciando alguns dos problemas mais graves no País, que afectam principalmente a comunidade afro-americana, vitima de tempos recheados de preconceito. Sempre com comentários bem construídos numa linguagem "coloquial proveniente das ruas", muitos das quais com um sentido de humor critico mas apurado, torna-se uma figura mediática e razão forte para as pessoas sintonizarem na WOL-AM (estação radiofónica). Enquanto via esta longa-metragem pensava para mim: "que delicia é ver alguém fazer frente ao the man - termo generalista para os high powers na sociedade... brancos na sua maioria ou totalidade - com audácia, sem medo e sem bullshit... telling it as it is (catch phrase de Petey)!
Mas nem de momentos leves e engraçados vive sempre o filme. (e agora segue-se um spoilerzinho, mas não se preocupem, o seu conhecimento não causa quaisquer danos) Houve uma cena em particular que teve a capacidade de pegar num tema já conhecido e debatido até à exaustão e mexer comigo, levando-me às lágrimas. Essa cena é quando a estação recebe a noticia de que Martin Luther King Jr. tinha sido assassinado, instalando-se um clima de profunda tristeza e revolta. Como na realidade, no filme é desencadeado um movimento insustentável de protesto, caos e conflito nas ruas de Washington (e também como sabemos, no resto dos EUA). Petey, profundamente desiludido e também ele muito revoltado, invoca à população para se controlar como forma de mostrar superioridade e de seguir a filosofia de King que apelava à insurreição contra a injustiça, de forma não violenta.(impressionante como passado meio século, as pessoas parecem não ter aprendido um conceito básico, baseado nos princípios mais puros que fazem de nós... mais humanos).
A sua influência nos EUA era de tal forma forte, que mesmo em situações saturadas de uma imensa raiva descontrolada, Petey tinha a notória capacidade de amparar uma sociedade em desespero, por todo o seu historial repleto de condições adversas que foram ou ficaram por ser ultrapassadas.
Bem... mais não preciso de dizer além de que este filme biográfico, quase num formato a evocar os tempos de blaxploitation, foi uma agradável surpresa, tendo não só em conta o contexto em que o vi, mas também pelo óptimo que é ver um trabalho de uma forma geral well crafted com um Don Cheadle em muito boa forma (como de costume).
Nota também para a banda-sonora toda ela composta por temas funk, soul e RnB da época. Nas palavras de Roger Ebert: Two Thumbs Up!
Mas nem de momentos leves e engraçados vive sempre o filme. (e agora segue-se um spoilerzinho, mas não se preocupem, o seu conhecimento não causa quaisquer danos) Houve uma cena em particular que teve a capacidade de pegar num tema já conhecido e debatido até à exaustão e mexer comigo, levando-me às lágrimas. Essa cena é quando a estação recebe a noticia de que Martin Luther King Jr. tinha sido assassinado, instalando-se um clima de profunda tristeza e revolta. Como na realidade, no filme é desencadeado um movimento insustentável de protesto, caos e conflito nas ruas de Washington (e também como sabemos, no resto dos EUA). Petey, profundamente desiludido e também ele muito revoltado, invoca à população para se controlar como forma de mostrar superioridade e de seguir a filosofia de King que apelava à insurreição contra a injustiça, de forma não violenta.(impressionante como passado meio século, as pessoas parecem não ter aprendido um conceito básico, baseado nos princípios mais puros que fazem de nós... mais humanos).
A sua influência nos EUA era de tal forma forte, que mesmo em situações saturadas de uma imensa raiva descontrolada, Petey tinha a notória capacidade de amparar uma sociedade em desespero, por todo o seu historial repleto de condições adversas que foram ou ficaram por ser ultrapassadas.
Bem... mais não preciso de dizer além de que este filme biográfico, quase num formato a evocar os tempos de blaxploitation, foi uma agradável surpresa, tendo não só em conta o contexto em que o vi, mas também pelo óptimo que é ver um trabalho de uma forma geral well crafted com um Don Cheadle em muito boa forma (como de costume).
Nota também para a banda-sonora toda ela composta por temas funk, soul e RnB da época. Nas palavras de Roger Ebert: Two Thumbs Up!
I'll tell it to the hot, I'll tell it to the cold. I'll tell it to the young, I'll tell it to the old. I don't want no laughin', I don't want no cryin', and most of all, no signifyin'. This is Petey Greene's Washington.
Ralph Waldo "Petey" Greene Jr.
(Janeiro 23, 1931 – Janeiro 10, 1984)
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