Saturday, June 05, 2010

"Nada acontece por acaso" - um desabafo

Há coisas com que somos confrontados, por vezes numa escala diária, que suscitam o desencadeamento de ideias e conceitos já batidos. Coisas tão redundantes como o Facebook. Este exemplo obviamente não surge por acaso. No seguimento da recente obsessão que surgiu com a formulação de múltiplos grupos, estes criam uma sensação de partilha/reconhecimento entre aqueles que aderem. Constatam coisas desde hábitos idiotas, mensagens destinadas a alguém que tempos foi especial, ideias parvas ou simplesmente rotinas do nosso quotidiano.


Entre os vários grupos que poderia agora mencionar, e que em certa forma até me sinto tentado, como se quisesse desmascarar o ridículo que são (mas não me preocupa, porque quem tem dois dedos de testa sabe bem disso), há um que merece algum tempo de reflexão.
"Nada acontece por acaso" é uma ideia/conceito ligado a uma série de questões filosóficas com raízes na fé, religião, karma, destino, e por ai adiante. Seja qual for o campo onde se encontra integrado, podemos dizer que todos vivem essencialmente de um destino traçado. Ou talvez não.

Tanto podemos argumentar que cada um de nós tem um caminho estipulado... caminho esse que nem sonhamos, logo, não temos a oportunidade de antecipar "movimentos ou jogadas" e tomar outro sentido. As coisas são como são e temos de as aceitar dessa forma.
Ou...
Podemos contestar esta ideia, mantendo assente o conceito "nada acontece por acaso" numa linha de raciocínio bastante mais lógica. Afirmar que as coisas não acontecem por acaso pois tudo é fruto das nossas acções, da forma como encaramos os desafios, os problemas... em suma, a vida!

Na minha opinião, isto é o mais óbvio! Afirmarem que "foi o destino" soa-me a um total disparate. Se as coisas aconteceram de certa maneira, foi única e exclusivamente pela nossa tomada de medidas, salvo as excepções (não muito raras, diga-se) onde existem uma série de consequências subjacentes à acção por parte de terceiros. Isto para dizer que, as desculpas só fazem sentido até certo ponto... qualquer pessoa que procure justificações seja do que for, não poderá fiar-se no "isto é obra de uma força maior". Caso mais típico onde ouço sistematicamente "se calhar é assim..." "não era para acontecer..." "estava destinado" é no fim de relações. Se tu enquanto namorado/a foste um otário/a... tens a ti como pessoa a apontar o dedo! Assumir responsabilidades pelos teus feitos e não procurar dizer que foi responsabilidade de algo ou alguém.

O que seria atribuir culpas a uma força sobrenatural pelo facto de alguém ter sido idiota comigo? 

Poderia dar exemplos, alguns dos quais até bastante pessoais, mas isso seria entrar em campos que sinceramente prefiro evitar tendo em conta a natureza do assunto, contudo, não são casos extraordinários nem unicamente singulares... são apenas relatos que contam a história de pessoas fracas de espírito e personalidade, que se sujeitam a dado ponto da sua vida à comodidade e uma falsa sensação de segurança,  refugiando-se no "destino" e "é o melhor que há para fazer". 

Talvez todos nós tenhamos passado por essa fase. Optar pela via mais fácil não é totalmente condenável porque muitas vezes quando pressionados ou exaustos, não dá para mais. O problema é quando começa a transcender esta fase... passando de algumas dificuldades na tomada das decisões certas para o  campo do ridículo!
Tenho pena... são pessoas que infelizmente não conseguem ser  genuinamente felizes, por muito que pintem a sua vida num belo quadro... mas se calhar...

... é o "destino"!

11 comments:

Anonymous said...

Demonstras fraca capacidade de raciocínio. Naturalmente que as nossas acções, as de terceiros (e até outras, como a força da natureza), têm influência na nossa vida e na dos outros. A "teoria" do destino assume que essas acções, pensamentos, etc, estão já pré-definidas. Por intervenção divina ou karma, ou seja lá o que for.

A ideia de "nada acontece por acaso", até se encaixa mais no perfil de uma pessoa que acredita no destino, pois todos os acontecimentos têm uma razão de ser, porque já foram "sonhados".

E também é triste reduzires a coisa a um maniqueísmo preguiçoso.

Ah e ainda dizes: "Na minha opinião, isto é o mais óbvio". Parabéns, descobriste um segredo que mais de dois mil anos de história não descobriram.

diogo cunha said...

Gosto do tema do "destino", é um que se debate na minha cabeça à uns anos.

Mas acho que algumas coisas não se podem simplificar porque perdem o seu sentido:

- Se nada acontece por acaso, então uma pessoa pode realmente refugiar-se no "destino". Se nada acontece por acaso então qualquer acção que tu tenhas é ao mesmo tempo uma causa e uma consequência do sistema que faz com que "nada aconteça por acaso".

- Só assumes o fim de relações como um momento único que define a relação. Pelo que já passei acho que o fim de uma relação não se limita ao momento em que, oficialmente, acabou. Existe um intervalo antes e depois onde as pessoas interagem que define como uma relação fica, por isso não sei se fará muito sentido dizeres que é "única e exclusivamente pela nossa tomada de medidas" seguido de "salvo as excepções", porque estás a tentar individualizar o momento que só existe por causa dos seus participantes. Ou seja, não és tu enquanto indivíduo que defines o momento, são as pessoas em conjunto que fazem parte da relação.

- Último (prometo), se realmente tens alteras a realidade porque "tudo é fruto das nossas acções, da forma como encaramos os desafios, os problemas... em suma, a vida", estás a menosprezar um facto importante. Tu não consegues prever o futuro nunca, porque existem demasiadas variaveis! Embora possas assumir que nada aconteça por acaso, não hà consciência individual para manipular ou gerir esse facto e portanto, "não temos a oportunidade de antecipar 'movimentos ou jogadas' e tomar outro sentido. As coisas são como são e temos de as aceitar dessa forma."

Isto é fruto de muito neurónio queimado, portanto não sei até que ponto não influenciei a minha própria visão do "destino".
É um bom post! abraços

Duarte Mendonça said...

Pela tua linha de raciocino então tas só a constatar mais uma vez o óbvio. a intenção disto não foi de forma alguma apresentar um conceito ao mundo, longe disso. Simplesmente achei piada as diferentes conotações que uma frase destas pode ter. Por muito triste que aches que estou a reduzir a um "maniqueísmo preguiço" como intitulas, a verdade é que acontece... como podes calcular não estou a "atirar para o ar". Relativamente à minha opinião, má escolha de palavras talvez ao afirmar "que é óbvio", mas com isso quis afirmar que acredito mais nas consequências das nossas acções em prol da "força maior". A "teoria do destino", com as suas ideias já definidas é algo que não aceito, embora por vezes tenha pensado nisso... confesso até que em certo ponto, gostaria que assim fosse! Mais fácil de aceitar em algumas ocasiões talvez.

Duarte Mendonça said...

Diogo tenho perfeita noção do risco que tomei ao escrever isto, dai até ter sido cauteloso com a atribuição do nome a este post... "um desabafo". Não foi especialmente premeditado este texto, apenas um conjunto de ideias associadas a um tema que na verdade não tem 100% certeza. As relações não me queria cingir apenas ao momento em que acaba... mas fruto de várias conversas quase em simultâneo com pessoas que atravessam épocas conturbadas no campo pessoal, isto tem sido algo "mencionado ao de leve", daí ter-me sentido tentado a incluir no texto como exemplo.
Depois queria só chamar-te à atenção para o facto de que não menosprezei o imprevisível, aliás, falei quando disse que não temos a capacidade de antecipar "jogadas" etc. Podes porém tomar riscos calculados, sabendo que muito provavelmente determinadas acções podem vir a custar caro. Talvez não tenha sido explicito nesse ponto...

Btw, Obrigado pelo comentário meu caro.

Anonymous said...

Vamos lá a ver uma coisa: eu não estou a constatar nada. Tu é que fizeste um texto. Eu sou só um anónimo.

Passaste completamente ao lado do que eu disse. Reformulo: não há só duas teorias opostas. E as implicações de cada uma delas não são tão simplistas quanto as apresentaste (o comentário do diogo, de certa forma, também assume isso).

Por fim, o que chateia, sinceramente, é o tom com que tipos como tu escrevem, "eu penso em coisas sérias, tu vais a grupos do facebook", "eu conheço esta banda e tu não", etc.

Duarte Mendonça said...

Sendo esse o teu problema, deixa de fazer qualquer sentido leres aquilo que escrevo. Ninguém te obriga a nada, logo, se te sentes incomodado só te tens a ti para culpar porque vens cá ler/ver aquilo que me apetece por.

Eu não escrevo com pretensões de agradar ninguém... embora, como é óbvio, goste de obter feedback (seja ele positivo ou negativo).

Deixo opiniões, faço sugestões ou escrevo totalmente ao acaso porque quero (e felizmente posso).

No que toca ao "meu tom" só não digo que é uma acusação descabida porque estás a ler (o que pode levar a diferentes interpretações) e porque muito provavelmente não me conheces.

Lamento que vejas as coisas dessa forma, contudo, caso queiras continuar a ler e acima de tudo comentar, fico agradecido.

Ah! Relativamente à ideia "nada acontece por acaso" nunca afirmei que restringiam-se a duas teorias... apenas vinquei acentuadamente dois lados por mais simplistas que possam ser visto que, na minha opinião, são as que vejo mais ser debatidas.

Já o disse antes... não me considero detentor da verdade absoluta... longe disso! Muito daquilo que é "dito" é senso comum... pertinente ou não!

Anonymous said...

como é que alguem perde tempo a argumentar com o duarte mendonça?

Anonymous said...

De anónimo para anónimo deixa-me que pergunte o seguinte: dói-te alguma coisa?

Duarte, não te conheço mas sigo o teu blogue faz algum tempo. Gosto do que escreves, mesmo quando levantas questões óbvias... porque o propósito é estimular o pensamento e nosso sentido critico, bem como o teu claro. Continua com o bom trabalho e não te preocupes com o resto. Um abraço

Duarte Mendonça said...

"Anónimo", agradeço imenso as palavras e o conselho. Não te preocupes que estou bem ciente que não dá para agradar todos (por mais que gostasse). Entretanto, aviso que no que toca a este post e outros no futuro vou deixar de aceitar comentários anónimos por algumas razões. Primeiro para que não seja desencadeada uma guerra de palavras, segundo porque já não se sabe quem escreve. Se não quiserem dar a cara, tranquilo! (e mais não digo sobre o "anonimato") Mas então que fique assente que é tempo perdido tarem a escrever. Tenho o poder de censurar determinados comentários e até já o fiz aqui para evitar confusão... deixei andar porque não quero que comece uma onda de censura por estes lados. Cada um tá no direito de ter a sua opinião... só não permito é que haja aqui uma "batalha campal".

redonda said...

Vim até aqui pelo seu comentário no blog do JL de que sou seguidora. Gosto de ler o que o JL escreve sobre cinema e não só, e gostei do que li no seu blog, também pela forma como respondeu aos comentários.

Duarte Mendonça said...

Redonda, também eu sou fã do blogue do JL... não só pelo conteudo mas também pelo estilo de escrita. Sinto que aprendo imenso com ele. Agradeço o teu comentário e espero, caso continues a seguir o blogue, que gostes do que cá ponho...

Ahh e trata-me por tu sff...

Cumprimentos,

Duarte