Pavilhão Dramático de Cascais - Cascais Jazz
Sábado, dia 5 de Dezembro. Está a decorrer o festival Cascais Jazz 09, Festival este que surge como homenagem a Luís Vilas-Boas, homem responsável pela “importação” do Jazz para o nosso país. Eu, como não poderia deixar de ser, estou presente no Festival, assumindo tanto papel de espectador (quando posso) e de “responsável” (e pus entre aspas porque além de não existir grande ciência na minha tarefa, vocês não imaginam o tempo que eu fico sem fazer rigorosamente nada) pela demonstração de dvd’s com imagens e vídeos do arco-da-velha. São sem dúvida relíquias, que eu enquanto rapaz jovem que sou, perdi dado que não vivi aquela época. E digo-vos: Quem me dera! Dou por mim a ver grandes figuras do Jazz a tocar na minha querida terra de Cascais (como eu adoro este Concelho!) num espaço que me é familiar pois ainda o frequentei antes de ser demolido. Falo do nosso estimado Pavilhão Dramático de Cascais. Enquanto fico sentado numa das várias cadeiras espalhadas pelo local da exposição, é difícil desviar o olhar da televisão e não ficar absolutamente vidrado nas imagens reveladas. E são vários os motivos para que tal aconteça. Primeiro porque, como referi anteriormente, estamos a ver imagens de uma época que para mim desperta curiosidade (visto que não a vivi) e que para outros presentes na sala foi talvez um determinado momento da sua vida onde recordam de forma entusiástica e cheios de nostalgia. Segundo porque é maravilhoso ver um espaço como o Pavilhão Dramático a rebentar pelas costuras! A própria fotografia que vos deixo neste post é prova disso. Pessoas de todo o lado deslocavam-se a Cascais para poder presenciar um evento de uma dimensão incalculável. Desde o averege joe até às grandes figuras públicas, toda gente queria marcar presença. E a beleza disto é que não havia o preconceito fabricado que corre muito nos dias de hoje. Insinuações e afirmações de que Jazz é música intelectual e pouco acessível. Naquela altura, percebessem ou não do que se tratava, havia algo ali presente nos músicos, ambiente e melodia que era universal entre todos. A LIBERDADE. Não se esqueçam que 1971 era um período de opressão e censura, portanto podem calcular o impacto que teve no coração dos portugueses ouvir (free) Jazz.
Terceiro, porque estamos perante músicos de Jazz que na época tratados como autênticas rockstars pela novidade que eram em Portugal, pelo seu estatuto no estrangeiro e pelo próprio estilo musical, que todo ele é carregado de história, arte e muita alma. Finalmente, e como consequência da junção de todos estes elementos que acabei de referir, é o ambiente que se vive. É a explosão de alegria, entusiasmo e curiosidade que transborda por todos os lados. Os gemidos, berros, assobios que surgem da plateia após cada nota instrumental proveniente da trompete de Miles Davis ou Dizzy Gillespie, do saxofone de Sonny Stitt ou Ornette Coleman, da bateria de Art Blakey ou Jimmy Cobb, do piano de Keith Jarret ou Thelonious Monk… enfim. Por cá passaram uma panóplia de músicos de alto calibre que educaram o ouvido português e deixaram marcas na nossa cultura. Sim… porque Jazz é Cultura.
Fica aqui um depoimento de Dexter Gordon relativamente ao seu concerto em Portugal, acompanhado de um excerto do concerto memorável no dia 21 de Novembro de 1971 protagonizado por um elenco magistral que se apresentou em cartaz como Giants of Jazz, compostos por:
Sonny Stitt – Saxafone
Kai Winding – Trombone
Al McKibbon – Contrabaixo
Art Blakey – Bateria(Infelizmente tinha outro tema desempenhado pelos Giants of Jazz mas dado que fazia mais sentido partilhar este post hoje, tive de recorrer ao que tinha "à mão" nesta altura...)
No comments:
Post a Comment