Sim! Somos amigos! E vai para além do comum lugar na lista de "amigos" no facebook! Considero-o um amigo, no seu sentido mais lato, por ter-me proporcionado algumas coisas que me fazem olhar para ele desta maneira. Depois de uma reveladora selecção musical para a banda-sonora do filme Garden State(2004), tornou-se conhecimento geral que o Zach tinha um gosto musical muito sofisticado. As suas escolhas recaiam na maioria das vezes nos grupos indie, algo que me conquistou de imediato. Sabendo disto, fiz alguma pesquisa e deparei-me com um blog seu no qual costumava fazer actualizações com alguma frequência. Foi ai que dei conta de um post no qual dizia "Se queres impressionar amigos com músicos que nunca ouviram falar e que são bons... então mostra-lhes Ingrid Michaelson e William Fitzsimmons." (Embora tenha recorrido às aspas, não o estou a citar... mas ele disse algo semelhante). Não perdi tempo e saquei os dois álbuns da altura: Girls & Boys (2007) da Ingrid e Goodnight (2006) de Fitzsimmons. Não só me tornei fã de ambos, como ainda fiquei a gostar mais do Braff. Depois disso vi o Garden State (o que só me confirmou as expectativas criadas em volta do seu gosto... porque uma coisa é ouvir o cd da banda-sonora, outra é conjugar as musicas com as cenas... algo que ele fez com mestria) e pronto! Assim se formou aquilo que eu chamo uma bela amizade! Ele sistematicamente contribuiu para a minha cultura musical e nem se dá conta disso (embora eu já tenha tentado retribuir na página do FB mas duvido que ele tenha sequer reparado). Nos últimos tempos ainda me deu a conhecer mais umas quantas bandas entra as quais constam Cary Brothers e Crash Kings. Agora só me resta começar a ver a série Scrubspara a qual ele próprio muitas vezes faz a banda-sonora e também aguardar pelo próximo filme que este venha a realizar. Se for alguma coisa como o Garden State (excelente em todos os aspectos) então espera-me uma coisa de outro mundo.
Cary Brothers - Ride
(existe outra versão desta música que até prefiro, mas fazia mais sentido disponibilizar esta porque foi o próprio Zach que realizou o videoclip)
Crash Kings - 1985 William Fitzsimmons - Passion Play
Nunca fui grande fã de reggae. Mesmo quando se apoderou de forma avassaladora por estas bandas, sempre achei que fosse um género musical em muitas formas limitado e até enjoativo. Muitos dizem que tal apreciação (ou falta dela) se deve ao facto de conhecer os artistas errados ou então de não "perceber" nada de música. Não entro nesta discussão para evitar conflitos, cujo o resultado não oferecerá qualquer tipo de solução, portanto, mantenho-me "na minha". Ainda tentei expandir horizontes e obtive acesso a um leque variado de artistas de várias nacionalidades, onde cada um dava o seu contributo dependendo da sua cultura e estilo próprio. Desde os clássicos e veteranos até ao formato mais comercial e contemporâneo ouvi de tudo. Posso dizer que são poucos aqueles que mexeram comigo, não sendo portanto o suficiente para me converter como fã incondicional das músicas de Jah. Entre os que permaneceram na minha playlist temos Black Uhuru, Israel Vibration, Third World, Pier Poljack, (os Portugueses) Kussondulola, Don Carlos, Eek a Mouse, Alpha Blondy, Inner Circle, fora as inúmeras colaborações e iniciativas de artistas de outros meios como Sting, Morodo, etc, que de alguma maneira "incentivaram-me" a dedicar mais tempo ao reggae.
Mas apesar de ter algum apreço pelos artistas já mencionados, tenho os meus dois pesos-pesados! Aqueles que considero serem dignos de ostentarem um lugar cativo nos músicos/grupos de eleição... sendo eles:
Seleccionei estes dois como os meus favoritos por os considerar os mais ricos musicalmente e os que mais contribuíram para o avanço e rejuvenescimento musical do género.
O Sr. Marley, um ícone que dispensa qualquer tipo de apresentações é um artista de que gosto bastante principalmente pelos seus concertos ao vivo onde denotamos um maior sentido de criatividade capaz de destoar de forma brutal os projectos de estúdio. As suas composições são fantásticas, ricas nos instrumentos e com letras socialmente activas e muito bem elaboradas, porém, ao vivo ganha maior força com novos arranjos e uma inclusão de momentos improvisados. É evidentemente um "jogador de outra liga".
Os Groundation... bem... se os ouvirem uma vez que seja percebem o porquê de os tomar em tamanha consideração! São um grupo americano de uma dimensão inacreditável. Com um estilo passível de ser considerado roots fundido com Jazz e Funk, é legitimo supor que para evocar tal sonoridade sejam necessários vários instrumentos em palco. E supõem bem! Cordas, Sopro, percussão... you name it ! Tudo com muito acerto e qualidade. E se os trabalhos de estúdio estão num patamar acima do reggae "convencional"... os concertos então "partem a loiça toda".
Embora não sendo, como já mencionei, um seguidor ávido do género, agora não dispenso uma (boa) malha ocasional , principalmente durante o Verão. Seria um erro crasso termos a composição de uma banda-sonora da época sem o estilo que maior presença têm marcado nas nossas praias com tudo aquilo que vêm por acréscimo... as festas, o surf, o ambiente descontraído...
Posto isto, deixarei aqui a minha marca com algumas malhas de que tanto gosto...
Third World - 96 Degrees in The Shade (live)
Groundation Feat. Don Carlos & The Congos - Jah Jah Know
Morodo - Babilonia (este é o exemplo no qual um artista espanhol ligado ao Hip-Hop introduz na sua música uma grande influência reggae)
O primeiro (The Boondock Saints), do que aparentemente parece que se vai tornar numa saga, é de facto merecedor do crédito que lhe é dado. Tendo eu o visto à já bastante tempo, sinto que não me cabe fazer a sua apreciação até porque já nem me recordo assim tão bem da maioria da acção ocorrida. Lembro-me porém da minha reacção no final comparativamente à sua sequela, que é no fundo o motivo pelo qual aqui abordo The Boondock Saints.
Depois do sucesso que foi o primeiro, tendo este aglomerado milhões de fãs pelo mundo fora (graças aos dvd's e pirataria, permitindo que chegasse a todo o lado), o realizador Troy Duffy decide fazer a continuação desta obra assumidamente de categoria B (B-Movie), feita com muito engenho.
Onde o primeira acaba, o segundo começa, tendo para isto praticamente a restituição do elenco original com mais umas adições (sendo duas delas a meu ver de algum peso em termos de nome... Peter Fonda e Judd Nelson). A história não têm grande ciência, mas isso também não será propriamente relevante, visto que se pretende pancada de meia-noite. No entanto sinto-me obrigado a dizer que esperava-se um pouco mais de TBS II: All Saints Day! Partindo do suposto que foram disponibilizados mais recursos financeiros para esta longa-metragem, parece haver pouca atenção ao detalhe. A representação é muito fraca por parte da maioria do elenco, existem cenas mal aproveitadas e outras escandalosamente forçadas/mal feitas. Será das poucas vezes onde discordo de forma bastante acentuada com a pontuação que é auferida no IMDb, tendo esta sequela o valor de 6.8 com cerca de 10 mil votos. Não acho de todo que seja merecedora desta pontuação, ao contrário do primeiro Boondock Saints que está com 7.9, com mais de 80 mil votos (justificando assim em parte o seu estatuto de culto). Tenho muita pena! Tinha expectativas elevadas confesso! O trailer prometia, o elenco apresentava algumas melhorias (embora tivessem perdido o Willem Dafoe, tendo este feito um papelão) e, como disse, assumi que haveria um investimento maior no filme, consequentemente permitindo Duffy uma maior expansão das suas ideias. Porém, há que frisar alguns dos pontos positivos. Entretém, é certo. Não obriga a grande raciocino e para amantes de tiroteios certamente haverá algo que seja do vosso agrado. Ainda temos também uma ou duas surpresas (sendo uma delas uma delicia para quem viu o primeiro). Pouco mais haverá além disto... enfim!
However, é de forma meio bizarra que vos vou convidar a ver o filme (mesmo não tendo gostado). Faço isto por dois motivos:
1º Porque talvez venham mesmo a gostar... porque gostos não se discutem!
2º Porque muito provavelmente vêm aí o terceiro, e como tal, é bom que estejam preparados. Tenho fé que a maioria das falhas sejam rectificadas!
Numa iniciativa por parte da BBC, foi feita uma cover da música Perfect Day com o intuito de servir propósitos ligados a eventos de caridade bem como "passar uma mensagem". Original de Lou Reed, temos esta adaptação da música feita pelos artistas que se seguem enunciados:
Artistas por ordem de aparência (o itálico indica aqueles que marcam presença "muda", isto é, só dão a cara). As linhas divisórias indicam os versos/secções.
Achei apropriado o tema não só pelo facto de recentemente termos the good fortuneof being blessed com bom tempo (luz nas nossas vidas faz sempre falta) mas também para dar continuidade ao projecto iniciado em 1997 com um reminder:
You're going to reap just what you sow
(nota: esta música teve presença assídua na minha vida devido ao meu irmão Alex que tanto adorava ouvir isto nos tempos em que vivia fora do país. Penso que terá trazido consigo aquando da sua estadia em Inglaterra onde estudava. Não conhecia a música e tinha pouco conhecimento de quem era o Lou Reed na época, mas ficou. Ficava louco principalmente com a entrada do coro perto do final...)
Vi este anúncio à séculos no cinema mas curiosamente não me ficou o que é que estava a "anunciar" (implicando de certa forma que não foi muito eficaz... mas não! Eu é que por algum motivo me distrai...) Passado imenso tempo voltei a deparar-me com ele pela segunda vez e tomei logo nota no telemóvel. É da EDP e é uma aposta muito forte na sua imagem em torno de uma causa como o "Ambiente".
Os Coldplay, liderados por Chris Martin, são tidos em conta como um dos maiores grupos contemporâneos do Reino Unido, tendo lançado até ao momento quatro álbuns, todos eles bem recebidos pela critica e com êxito comercial. No segundo álbum intitulado A Rush of Blood To The Head (2002), um dos seus singles mais aclamados despontou. Clocks entusiasmou todos os fãs do grupo não só pela composição musical, mas também pelo videoclip. Este criava alguma expectativa para futuras performances ao vivo dessa malha.
Eu sei bem o contagiante que era a música! Ouvia todos os dias e certificava-me sempre de ter o volume bem alto, como se de alguma forma fosse transportado para aquele meio onde predominavam os acordes intensos, a energia e os lasers verdes. Ficava inquieto, mas de uma forma que só poderei interpretar como boa. De tanto abanar a cabeça e bater com o pé, tinha tornado assente entre os meus amigos que se quisessem despertar alguma energia da minha parte, tinham em sua posse uma arma de grande peso. Com o tempo tornou-se uma espécie de "hino" daquela época, que sonhava ter a oportunidade de ver ao vivo. No ano anterior ao lançamento de Clocks, já tivera marcado presença no Pavilhão Atlântico para os ver em concerto. Volvido um ano, o cenário agora era outro... embora quisesse ver as interpretações ao vivo do segundo álbum, bem como recordar Parachutes (2001) - o primeiro trabalho gravado em estúdio - no fundo (leia-se subconsciente) estava ansioso para ver que surpresas nos tinham reservado para o momento "alto da noite". Claro que guardaram a música para o encore de forma a proporcionar um desfecho memorável... e assim foi!
Passados 7 anos depois do lançamento de Clocks, surge até recentemente uma cover fantástica desempenhada por Alicia Keys. A abordagem e os arranjos efectuados são diferentes, até porque existe a necessidade de enquadrar a música ao seu estilo e talento. Sabemos que a menina Keys além de tocar piano, é dotada de uma voz fantástica, sobressaindo-se no Soul e RnB. É mesmo por esta via que segue na sua reencenação do tema, e tenho a dizer que o faz (com mérito) de uma maneira absolutamente flawless.
Richard: Oh, screw the DNR. Hand me those paddles.
Bate-me a frase, reajo com optimismo mas instala-se o pânico no hospital Seattle Grace... parece que acontece tudo de seguida !
Retiro uma conclusão depois de 5 épocas de Greys Anatomy...
Sou um lamechas! Um tearjerker! Um easy target para uma das pretensões desta série!
Não houve um único episódio onde não me tenha comovido ou que tenha retirado algo para por em prática na minha vida pessoal. Serei eu influenciável? Será a minha mente tal forma deturpada que sigo "conselhos" de um roteiro televisivo?A resposta é sim! ... e não! Quando um conselho é bom, é evidente que talvez nos chegue mais rápido. Nem sempre é assim... por vezes ignoramos bons conselhos, ignoramos até propositadamente... Mas há alturas em que nos chega! Há alturas em que acontece!E sinto que é o caso de grande maioria dos episódios onde nos são deixadas indicações que estimulam a nossa introspecção, que deverá ser despida de preconceito, sejam indicações dadas por um programa de televisão, por um familiar ou amigo. Se é útil, se é aquilo que precisamos de ouvir... então façamos bom proveito daquilo que nos foi oferecido porque eventualmente poderá fazer alguma diferença, nem que seja remota!Acabei agora a quinta season, não com uma lição, mas com uma lembrança...
"Did you say it? 'I love you. I don't ever want to live without you. You change my life 'Did you say it? Make a plan. Set a goal. Work toward it, but every now and then, look around; Drink it in 'cause this is it. It might all be gone tomorrow." (Meredith Grey)
Assim se chama este grupo indie proveniente do Canadá... Stars ! E assenta que nem uma luva, pois de facto são umas "estrelas" do cenário musical. Não só pelo grupo mas também por outro projecto que têm à margem... a participação numa super-banda chamada Broken Social Scene, composta por variadíssimos músicos das mais diversas bandas indie.
Chegaram-me aos ouvidos através da banda-sonora da série The O.C (para ser mais especifico a 5º compilação) onde "habitava" o tema Your Ex-Lover is Dead. Imediatamente se instalou no meu telemovel, leitor de mp3, carro... you name it! É uma daquelas músicas que ouvia e voltava a repetir até memorizar a letra. É uma malha fantástica, completa em todos os sentidos. Para começar temos a banda em perfeita sintonia tanto em termos vocais e instrumentais, oferecendo uma dimensão fantástica que vai crescendo à medida que a música evolui (quando entram os instrumentos de corda é delicioso e o verso final - a partir do minuto 2.57 é maravilhoso - com a guitarra num tom crescente, pausa sucinta na letra e depois... a "explosão" com uma harmonia instrumental). Além de ser uma composição eloquente, com uma história narrativa onde facilmente criamos laços, tem um feeling pop/comercial mas de uma forma alternativa!
(Nada de coerente no que acabei de dizer... é dificil juntar comercial e alternativo na mesma equação mas é a sensação que me dá!)
O videoclip é claramente inspirado num dos meus filmes favoritos... Eternal Sunshine of The Spotless Mind (2004) do realizador Michel Gondry. Isso torna-se patente nas cenas filmadas na neve, com o gelo a servir de cenário, o seguimento de um casal, os membros da banda deitados no chão (como é ilustrado na própria capa do filme), no guarda-roupa e até a letra conta uma história que encaixa bem no "perfil" da acção passada na longa-metragem que conta com Jim Carrey e Kate Winslet como protagonistas.
Garanto-vos (principalmente às raparigas, pessoal com crises de relações e os loving indie fans) que esta música vai-vos ficar na cabeça, desde que a concedam alguma atenção... Deixem o multi-tasking... e apenas... ouçam !
Ontem desloquei-me ao bairro alto para fazer um trabalho de rádio, que consistia basicamente em efectuar uma entrevista a uma aluna Erasmus enquanto fazíamos um percurso curto por alguns dos bares e locais mais emblemáticos daquela periferia. O ponto de encontro (e também de partida para o nosso trabalho) foi na "Brasileira". Como apenas eram requisitados três membros do grupo para a entrevista (técnico, entrevistadora e entrevistada), perguntei aos meus colegas se não seria possível afastar-me um pouco da zona de trabalho para ouvir de perto um jovem que ali estava na rua de guitarra eléctrica na mão (ligado ao respectivo amplificador) a tocar umas malhas. Prestei atenção ao seu estilo, à sua eleição de temas para a noite e à forma como sentia o gemido da guitarra. Tinha um ar escanzelado, com a pele mal tratada (talvez tivesse alguma dependência de drogas) e algumas feridas. Mas estava em vivo. Suava por todos os poros do seu corpo, fruto dos movimentos compenetrados que geravam cada riff de guitarra. Ao fim de o ouvir tocar durante algum tempo, fui deixar umas moedas no seu chapéu e aproveitei para lhe perguntar se era português, ao que me respondeu: "Não! Sou Boémio, mas percebo bem o português". Começámos então uma conversa em espanhol (óptima maneira de por em prática aquilo que tenho vindo a aprender) onde trocámos impressões relativamente ao mundo da música, nomeadamente nos géneros de blues e rock, onde residem os guitarristas mais consagrados. Por entre sugestões e comentários senti que ele tinha um gosto musical apuradíssimo, com referencias em comum com as minhas. Senti de imediato uma empatia com ele. Parecia ser boa pessoa e isso notava-se logo no sorriso fácil que distribuía ou nos gestos de agradecimento para as pessoas que ali o aplaudiam. Senti que tocava primariamente pelo amor à guitarra e não tanto pelo dinheiro, embora lhe fizesse falta como é óbvio.
Achei curiosa uma frase que largou no meio da conversa e que me ficou vincada na memória.:
"Estoy aqui para compartir la música".
(Contextualizado esta citação na conversa...)
Disse-me que adorava música... que esta era a sua verdadeira paixão, e como tal, além de recreação, também a usava para tentar sobreviver. De rua em rua procurava os sítios com maior movimento para ter assim maior audiência. E tocava... tocava tocava tocava... Afirmava que a sua grande missão era partilhar boa música com outros, providenciando aos que lhe rodeiam uma educação musical e um refinamento do "ouvido". Claro que agradecia a moeda ocasional, pois sem ela seria dificil viver, mas o principio com o qual tentava puxar pela contribuição das pessoas era diferente. Como quem diz ter esperança no "dou-vos boa música, e vocês dão-me algo de volta", ao contrário de muito boa gente que se for preciso toca aleatoriamente nuns ferrinhos apenas como forma de chamar a atenção. Aqui havia de facto alguma qualidade e entrega no que estava a fazer. Infelizmente aplausos não lhe pagam casa, nem roupa ou comida... porque se assim fosse, desconfio que ele estaria bem vivendo desse sustento. Mas nota-se que ele aprecia, como qualquer bom artista, o reconhecimento que lhe é dado de uma forma mais entusiasta, que o dinheiro não é capaz de lhe conferir
.
Este episódio lembrou-me, entre várias coisas, um dos propósitos do meu blog. O poder "compartir" a minha experiência e os meus interesses/gostos com outros, na esperança que venham a adquirir novos hábitos, que venham a fazer aquisições culturais para o seu reportório pessoal, que à minha semelhança espalhem pelo mundo algumas das melhores coisas que andam por ai à procura de alguém interessado. O dar livremente... sem esquemas, sem interesses... mas sim de boa vontade com um espírito generoso e genuíno. Um processo em cadeia que se monta e que facilmente se instala no nosso quotidiano tendo por base o nosso trabalho conjunto. É bom por vezes sermos lembrados das razões pelas quais tomamos certos caminhos, e por isso, estarei sempre agradecido ao Martín.
Trocámos contactos para que possamos continuar a trocar sugestões musicais e talvez num futuro próximo lhe venha a convidar para o festival de Jazz ou outros concertos aqui na zona. Despedimos-nos com um abraço e um "Hasta Siempre".
Bones sinkin' like stones
All that we've fought for
All these places we've grown
All of us are done for
And we live in a beautiful world
Yeah we do, yeah we do
We live in a beautiful world
Bones sinkin' like stones
All that we've fought for
All these places we've grown
All of us are done for
And we live in a beautiful world
Yeah we do, yeah we do
We live in a beautiful world
And we live in a beautiful world
Yeah we do, yeah we doWe live in a beautiful world All in all that I know
There's nothin' here to run from
'Cos yeah, everybody here has
Got somebody to lean on
Yo La Tengo - 14 de Março Florence and The Machine - 16 de Março
Esta semana será em cheio no que toca a música! Depois de dois concertos espectaculares na Aula Magna, segue-se hoje um outro evento que certamente deixará os amantes de música indie com água na boca. Os Beach House deslocam-se ao Lux para fechar o trio de pesos-pesados que propagaram pela cidade de Lisboa com os seus reportórios musicais, porém, estes serão o grupo cujo o legado ou expectativa não será de todo comparável aos grupos Yo La Tengo e Florence + The Machine, que tocaram dia 14 e 16 na Aula Magna respectivamente.
O trio norte-americano foi, como mencionei, o primeiro a actuar nesta semana musical, tendo sido recebidos por uma sala composta em oposição à sala lotada que seria digno de tal banda. O facto pelo qual não encheu vai para além da minha compreensão. Talvez tenham sido prejudicados pela performance de Florence que volvido um dia estaria no mesmo local para tocar. A vida não anda fácil e os recursos financeiros para tanto concerto poderão escassear. Seja como for, lá tocaram para a tal "sala composta" durante cerca de duas horas recheadas de temas dos mais variadíssimos álbuns, onde como seria de esperar, houve bastantes novidades retiradas do seu trabalho mais recente Popular Songs (2009) eleito por mim e pela critica como um dos melhores cd's do ano. Já uns veteranos, não terá sido surpresa para aqueles que os conhecem, a sua versatilidade ou ecletismo. Todos os membros tocam mais que um instrumento e cantam, o que permite um sistema de rotatividade de tema em tema onde oferecem as suas qualidades e maneirismos aos requisitos de cada malha. Por entre o suave e discreto, até ao "confuso" e quase psicadélico foi fácil denotar a energia que ali pairava no ar, para o que a meu ver foi uma audiência discreta mas altamente entretida. Penso que isso se fazia sentir com os aplausos no final de cada música. Enfim, não há muito mais a dizer que já não tenha sido dito por outros. Deixo aqui um artigo no qual é feita uma análise ao concerto para que o meu comentário possa ser complementado.
Depois, dia 16 de Março, seguiu-se outro concerto novamente com a Aula Magna a servir de anfitriã ao grupo londrino liderado pela talentosa Florence Welch. Esta certificou-se de providenciar uma noite pelo qual aqueles que lotaram a "casa" certamente não se esquecerão in times to come. Com apenas um álbum de estúdio editado intitulado Lungs (havendo ainda uma Deluxe Edition com mais temas), foram considerados por muitos como um dos grupos sensação de 2009. Fruto disso é o largo grupo de seguidores por todo o mundo, o que nos leva a crer caso mantenham este nível musical, ainda venha aumentar. E depois de ontem, é evidente que esse cenário venha a acontecer por terras lusas, graças ao mega impacto tido naquela sala onde Florence "ateou fogo". Explosiva, irreverente e dinâmica, a menina Welch e a sua banda decidiram fechar em grande estilo a sua tournée europeia com um grande espectáculo. Transbordava energia do palco para as cadeiras que desde logo encontravam-se por ser utilizadas, dado a reacção instantânea do público em por-se de pé para dançar e aplaudir. Apenas tenho uma preocupação relativamente ao futuro deste grupo. Creio que a banda é um pouco "insípida", por não ter real valor que esteja perto do talento da sua vocalista. Não acho que sejam músicos extremamente dotados e vou mais longe dizendo algo que se calhar é óbvio... vivem de Florence. Não me interpretem mal... não digo que sejam maus! Claro que não. Servem o propósito de acompanhar em boa medida as composições encenadas em palco, mas estão claramente numa liga inferior ao que é o verdadeiro e único talento de Florence and The Machine. Leiam aqui também o artigo escrito na revista Blitz para tomarem conhecimento de outras coisas que não mencionei neste meu espaço.
Um The Road (2009) meets Spaghetti Western com um final que aspira ao "profundo"!
Se gostam de pancada de meia-noite, cenários pós-apocalípticos e um final com aquele twist profundo que pretende por a malta a reflectir sobre questões interessantes, certamente irão gostar desta longa-metragem dos irmãos Hughes que conta com o "sempre em bom plano" Denzel Washington. Embora com algumas falhas que poderiam (e deveriam) ser evitadas, The Book of Eli entretém. Nem que seja pela lindissima Mila Kunis que me deixou sempre colado à tela quando aparecia em cena. Temos também alguns cameos, que como sempre, não vou mencionar de forma a não estragar a surpresa!
Sem muito mais a dizer, porque o filme em si não necessita de grandes análises, fica aqui o trailer...
Os classic rock oldies contribuíram para o refinamento de épocas e o estabelecimento das suas tendências, mentalidade e moda, tendo assegurado de forma ímpar um lugar na nossa história. Isto porque em pleno ano de 2010 quando as malhas clássicas tocam na noite existe muito boa gente a perder a cabeça efusivamente. Eu acuso-me como sendo uma dessas pessoas que esmiúça cada nota e refrão dessas músicas. Canto de corpo e alma enquanto por vezes toco instrumentos imaginários, porque simplesmente já estou a viajar nas minhas tournées que só existem em fantasias.
Não há melhor ambiente que o do meu carro a caminho de uma festa, pois certifico-me de ter a melhor compilação destes temas que tanta força e animação dão à noite por estas bandas. E depois há sempre aqueles "amigos favoritos" que partilham connosco esse mesmo prazer de puxar pelo ar dos pulmões e cantar desalmadamente.
Ressalve-se o facto de que não são exclusivamente ouvidas para a "noite", muito pelo contrário. Quando as ouço mais é durante o dia, mas apenas destaco o ambiente nocturno pois é mesmo este género musical que combate os odiosos "martelinhos" que a mim pouco prazer me dão de ouvir/dançar. Não vou contestar a sua qualidade porque dentro dos seus parâmetros e critérios até pode ser considerado "bom", but not according to my book. Puro e simplesmente não gosto! Penso que só acaba por destoar aquilo que é verdadeiramente musical e artístico. O meu "Hurt Locker vs Avatar" no cenário musical digamos...
São demasiadas as bandas que impregnam magia para colocar aqui...
AC/DC, Led Zeppelin, Alphaville, Journey, The Who, Supertramp, The Eagles, The Cars, Blue Osyter Cult, Boston, Fleetwood Mac, Foreigner, Men at Work, Bruce Springsteen, Bryan Adams, A Flock of Seagulls, Billy Idol, New Order, Talking Heads, Simple Minds, Huey Lewis & The News, Guns & Roses, INXS, Queen, Roxette, Allman Brothers, Lynard Skynard, etc etc etc.
Como tal, deixo aqui apenas duas malhas...
a primeira é um tema dos Talking Heads que caíra no esquecimento, apenas voltando à tona graças ao mero acaso...
a segunda é uma malha dos New Order que tive o "privilégio" de dançar ontem à noite, momento este que ajudou a saída de ontem a se tornar mais sustentável.
Monsters of Folk é uma banda que consiste em quatro elementos, todos eles pertencentes a bandas indie de algum nível de exposição no seu circuito musical. O alinhamento da banda começa com Jim James dos My Morning Jacket, Conor Oberst e Mike Mogis dos Bright Eyes, e por fim, M.Ward do grupo She & Him (grupo de que já falei que conta como parceira a actriz Zooey Dechanel). Dado que encontram-se ocupados com os seus projectos "prioritários", a banda até a esta altura só lançou um álbum homónimo em 2009, todavia, ficamos a espera que surja algo num futuro próximo. Quando músicos deste calibre se juntam, é legitimo esperar boa música. Ficam aqui dois temas para a vossa apreciação...
Orquestrada por Abel Korzeniowski, com participação de Shigeru Umebayashi
1.Stillness Of The Mind (3:54) 2.Drowning (1:48) 3.Snow (1:15) 4.Becoming George (3:51) 5.George's Waltz I - Shigeru Umebayashi (1:39) 6.Daydreams (2:16) 7.Mescaline (3:10) 8.Going Somewhere (1:59) 9.A Variation On Scotty Tails Madeline - Shigeru Umebayashi (1:52) 10.Carlos - Shigeru Umebayashi (1:01) 11.La Wally - Miriam Gauci (3:28) 12.Stormy Weather - Etta James (3:10) 13.Green Onions - Brooker T. & The MG's (2:54) 14.Blue Moon - Jo Stafford (4:39) 15.Swimming (1:39) 16.And Just Like That (4:53) 17.George's Waltz II - Shigeru Umebayashi (3:18) 18.Sunset (2:59) 19.Clock Tick (2:07)
Na composição desta banda-sonora temos na sua grande maioria temas orquestrados pelo compositor/maestro Abel Korzeniowski em colaboração com Shigeru Umebayashi, no entanto, não obstante desse facto, temos também algumas malhas que preenchem outros parâmetros e servem para complementar cenas e até vincar a época que se vive. Como tal são "colocadas" nesta longa-metragem (e na sua respectiva banda-sonora) standards de Jazz (Stormy Weather), clássicos populares (Blue Moon) e até um clássico de Blues (Green Onions). Porém, a sua riqueza reside mesmo nas composições originais dos compositores destacados para esta OST.. onde reinam instrumentos de cordas que encantam. Violinos e violoncelos em perfeita harmonia...provocam com audácia, inspiração! Deixo aqui dois dos temas, sendo que poderão ouvir na integra o álbum todo! Basta acederem através do link ao YouTube para usufruírem da playlist disponibilizada na faixa lateral direita. Deixo apenas um aviso... um conselho if you will... Ao verem o filme primeiro será notória a diferença quando dedicarem o vosso tempo para se entregarem à música.
Estava à muito para ver este filme! Aguentei a ânsia enquanto pude mas (felizmente) cedi. Por incentivo de um amigo meu que me avisou para o facto de que a visualização desta obra perderia caso não fosse visto numa sala de cinema, não hesitei em deslocar-me no dia seguinte ao El Corte Inglês. Não fazia ideia do que se tratava, mas desde o primeiro momento em que vi o trailer fiquei rendido. Este não diz rigorosamente nada sobre a história ou as suas personagens, mas é tremendamente poderoso! Os clips/imagens seleccionados em combinação com a música, que parecia fundir-se na perfeição com o que estava a ver, deixava-me intrigado. De tal forma, que o vi vezes sem conta sempre que podia. Parecia tudo tão belo e misterioso, como algo que guarda um segredo de grande importância. Por entre a música assombrosa de grande nível, as imagens, todas elas de uma ordem estética do mais elegante que há e as citações de alguns críticos/revistas de renome, é dificil o trailer não nos tocar de alguma forma. O seu impacto em mim foi avassalador. A música tocava na minha cabeça o dia todo e sempre que a sentia desvanecer, iria mais uma vez ver e ouvir a "apresentação" de forma a que esta permanecesse mais fresca na minha memória. Entre as reviews escolhidas para "resumir" o filme ou os desempenhos dos actores, todas elas bastante elogiosas, há uma que se destaca de forma evidente e que mais intrigado/curioso me deixou:
His performance is bound to win attention in this year's Oscar race -
He's just to good to be ignored !
(Owen Gleiberman acerca de Colin Firth, in Entertainment Weekly)
Fiquei radiante! Algo me dizia que Colin Firth apresentava um talento fora do comum, mas que nunca tivera grandes hipóteses de o evidenciar. Tinha chegado a altura onde o iria ver transcender-se de uma forma magistral... e assim aconteceu! Fez jus ao que tanto disseram da sua performance, e sinceramente, acabaram de "condenar" o Jeff Bridges na minha mente, pois serei muito exigente com ele quando vir Crazy Heart (2009), para qual ganhou o Oscar na categoria de Melhor Actor Principal.
A Single Man (2009), filme baseado numa obra com o mesmo nome, de Christopher Isherwood, marca a estreia do estilista americano Tom Ford por detrás das câmaras. A história anda em torno de um professor de língua inglesa chamado George Falconer (desempenhado por Firth) que luta para dar um rumo à sua vida depois da morte acidental do seu companheiro/amante, Jim (Mathew Goode). Passado em Los Angeles no dia 30 de Novembro de 1962, um mês exacto depois da "Crise dos Misseis de Cuba", podemos denotar que reina uma onda de alivio que ainda não oferece grande estabilidade, dado as marcas deixadas pela "crise" que transpõem-se num dia-a-dia vivido no medo. Medo esse que se instala nas coisas mais banais, mas que é totalmente alheio à personagem de Colin Firth. Este está desligado por completo, pois o seu medo é outro. Solidão! Perdera o seu amante, companheiro à mais de dezasseis anos, e todos os dias era uma luta incansável para combater o luto, a tristeza, a falta de amor e reconhecimento. Por detrás do seu ar impecável e arrumado, passando a barreira intelectual que leva ao conhecimento de que na verdade é amável, bem educado, em suma, um gentleman... está um homem que desesperadamente procura refúgio em memórias passadas de outros tempos onde Jim ainda estava vivo. Surgem ínfimos diálogos, todos cobertos por uma textura de grande eloquência que de alguma maneira denunciam que foram adaptados de uma obra literária. Não quero de todo dizer isto num mau sentido. É certo que existe um estilo de escrita literário e outro cinematográfico... e não saber dizer o que foi usado na integra e o que foi adaptado é simplesmente fantástico. Isto porque todas as palavras usadas são de um óptimo bom gosto. Conversas interessantes, quase poéticas, socorridas muitas vezes por trocas de olhares, gestos ou mesmo pela ausência de movimento (quando só a música basta para fazer a diferença), não parecem de todo forçadas ou demasiado trabalhadas. Nada pior do que por vezes denotar-mos a prática de frases retiradas de um livro. Soa mal quando dito em voz alta, pois são sentenças que não usamos no nosso discurso verbal. Mas aqui não é o caso. Todo o léxico empregue é suave e delicado que se enquadram a quem as recita. É absolutamente maravilhoso. Quase me considero um ser infeliz por não ter lido a obra de forma a também eu poder dar uso às minhas palavras em vez de recorrer a opiniões de terceiros na constatação do quão fabulosa é esta adaptação (perdoem-me esta hipérbole, it's just to state a point). A evolução da história e todos os seus intervenientes é de grande primor, chegando depois a um desfecho de grande simbologia enriquecedora.
Tom Ford certifica-se de proporcionar ao espectador uma experiência visual absolutamente extraordinária, onde os planos e jogo cromático não são deixados ao mero acaso. Cada ângulo, cada plano, mudanças de cores, sombras e textura são de vital importância na narrativa, na intensificação de sensações por parte da audiência e na percepção de ideias. Todo o vestuário, adereços, maquilhagem, penteados, etc são de um requinte nunca antes visto. Tom Ford terá porventura aplicado o seu conhecimento e bom gosto enquanto "homem do mundo da moda" ao tratamento sublime que este filme sofreu em todos os seus campos. A fotografia, os flashback e todos outros momentos e detalhes técnicos que são demasiados para serem enunciados na sua totalidade são de um requinte e classe de cortar a respiração. E digo isto de uma forma literal, pois foram vários os momentos em que ficava vidrado no ecrã tal era a beleza estética evidenciada "esquecendo-me" de respirar.
O casting é maravilhoso! Colin Firth é aqui sinónimo de classe, cavalheirismo, elegância, bom gosto e intelecto trabalhado, tudo sem calor nem vida depois da morte de Jim. É nos permitido através da realização de Ford e do desempenho de Firth constatar as diferenças no estado psicológico de George, mesmo tendo por base o uso de cores que reflectem muitas vezes o estado de espírito da personagem central.
Julianne Moore, que representa Charlotte, a melhor amiga de George é a representação de uma fachada. Uma mulher que mergulha no álcool para evitar a realização da sua vida triste, que apenas encontra algum conforto nos seus rendez vous com George (mais não direi de forma a evitar spoilers).
Mathew Goode e Nicholas Hoult, representam Jim e Kenny Potter respectivamente. Dois homens de tempos e fases diferentes que transportam alguma esperança para o coração de George Falconer.
Por entre os actores mencionados, fora outros que dão o seu contributo ao filme, sejam eles relevantes ou não, concluímos que são todos pertencentes de um mundo de "gente bonita". Adónis e Vénus espalhados por todos os cantos, como se de uma passerelle se trata-se! E ao contrário do que às vezes vemos numa série onde até o padeiro e a senhora da caixa são modelos e dizemos "Que ridículo", aqui é tudo credível. Não dava para ser de outra forma!
Quero concluir com a banda-sonora! Composta por Abel Korzeniowski, em colaboração com Shigeru Umebayashi, a sua música acrescenta uma dimensão emocional à longa-metragem, intensificada ainda mais pelo desempenho de Firth e pela visão única de Tom Ford. São muitas as vezes que faço reparos a bandas-sonoras, no entanto, são poucas as vezes que as procuro obter nos casos onde dominam composições orquestradas em prol das habituais playlists de cantores/grupos. Esta é distinguida como uma das mais bonitas que ouvi, contribuindo sistematicamente para o sucesso de cada cena em que se faz ouvir.
CONSENSO
A preguiça por momentos falou mais alto! Deslocar-me a Lisboa de propósito parecia um sacrifício, mas constato que esse sacrifício a triplicar seria perfeitamente ajustado dado a "recompensa final".
Pudera eu voltar atrás na selecção dos melhores filmes de 2009, pois este estaria presente com louvores. Um trabalho perfeito pelo estreante Tom Ford, que considero ter sido injustiçado pela sua não inclusão nos nomeados para Melhor Realizador e Melhor Filme, pois para mim seriam sérios candidatos a levar o prémio para casa, tendo em conta todos os pontos mencionados onde esteticismo ímpar aplicado na longa-metragem se apresenta como o seu ponto mais forte, apenas ultrapassada pela performance inesquecível de Colin Firth, aliado à sempre magnifica Julianne Moore, que dão corpo e alma a personagens de uma complexidade que duvido muito que sejam criadas e desempenhadas com a mesma qualidade in times to come.
Segue-se então o trailer, disponibilizado num formato maior do que normalmente costume por, na tentativa que tenha um impacto grande. Recomendo que tenham o volume consideravelmente alto para se deixarem mergulhar na elegante sonoridade.
Um filme fantástico que vive da essência que faz dos irmãos Coen masters in their craft. De diálogos riquíssimos e personagens caricatas como é tão costume observar no mundo Cohenesco, temos nesta longa-metragem um trabalho que pode não agradar toda gente, mas deveria. Digo isto por reflexo do que se passou durante a visualização do filme com mais três amigos, onde dois deles passaram grande parte entre suspiros longos e enfadados, passando por comentários que denegriam A Serious Man de uma forma que ia para além da minha compreensão. É desagradável estar concentrado no ecrã e ter alguém sistematicamente nos nossos ouvidos sempre com comentários. Sentir que temos pessoas ao nosso lado que quase fazem questão de mostrar desagrado relativamente a uma obra que por acaso eu estava a apreciar bastante. É chato, mas enfim! Os gostos são sempre subjectivos (como tantas vezes refiro em alguns dos meus post's) e talvez nem seja de espantar, porque uma das pessoas nem gostou do No Country For Old Men (2007), um dos melhores filmes dos irmãos Coen, e até acusou (em jeito de comparação com A Serious Man) o filme de David Fincher, The Game (1997), de ser "monocórdico"! Different Strokes for different folks, como diz o outro...
Bem... mas continuando...
Narrativa (mega) interessante recheada de tópicos e questões pertinentes nas entrelinhas, que dão inicio logo com a abertura do filme. Iniciamos com um prólogo passado nos princípios do século XX em uma casa que aparenta estar inserida na comunidade judaica. Posto esta entrada, temos o título do filme que de seguida apresenta-nos a época onde a história se passa, mais precisamente 1967. Pouco a pouco são nos apresentadas as personagens que compõem a família que habita nos subúrbios, tendo por referencia a personagem principal, o Pai, Larry Gopnik. Desempenhado por Michael Stuhlbarg de uma forma que justifica todo o mérito credenciado pela audiência e critica, temos aqui o núcleo duro da narrativa pois toda a acção passa por este homem que tenta liderar por exemplo a sua família enquanto mostra à sua comunidade ser alguém que leva a sua vida segundo os princípios judaicos. Aqui temos instantaneamente algo pouco vulgar pois vemos (com algum desespero até) um homem "afundar-se" pela sua determinação em praticar o que é eticamente e moralmente correcto. Constantemente atarantado, frágil e "enfiado" em situações que criam dilemas e dúvidas tanto na religião como no seu "sistema", torna-se dificil tomar posição para que seja tomado em conta como "um homem sério". Não creio que em certo ponto tudo lhe corra mal, apenas o vejo como alguém que constantemente cede à pressão e vontade dos que lhe rodeiam complicando assim a sua vida em prol de satisfazer os outros. É muito engraçado ver como este complica o seu próprio quotidiano muito pelo seu excesso de fé (a meu ver... como quem diz: o que tiver de acontecer, acontece independentemente do curso das nossas acções).
Entre as várias personagens que compõem a história, onde desde já digo que o casting efectuado foi fantástico, recorrendo a muitos actores desconhecidos, há um que nos proporciona momentos hilariantes nesta "comédia social". Fred Melamed no papel de Sy Ableman é simplesmente hilariante sempre que entra em cena para contracenar com Stuhlbarg, no entanto, existem outras quantas personagens que merecem ser tomadas em conta pois acrescentam momentos de um humor subtil capaz de proporcionar grandes gargalhadas aos mais atentos.
Alguns dizem que este é o melhor trabalho dos irmãos Coen. Discordo! É muito dificil bater Barton Fink (1991), Fargo (1997), Big Lebowski (1998) e No Country for Old Men (2007), que são credenciados por mim como as suas melhores obras... mas é provavelmente o consenso a que a critica chegou:
Blending dark humor with profoundly personal themes, the Coen brothers deliver what might be their most mature -- if not their best -- film to date.
Fazer zapping por vezes dá nisto! Deparar-nos com coisas, que de surpresa nos agarram e puxam pela nossa capacidade de rebuscar os cantos da nossa memória à procura de fragmentos que parecem pertencer a um passado longínquo. Pelo menos parece longínquo... porque à muito que não ouço o nome desta artista. Sem seguir a sua carreira assiduamente, guardo-a no coração pelos seus contributos musicais em torno de causas nobres e mensagens carregadas de valores que nos dias que correm tendem desaparecer. Ontem, dia 10 de Março de 2010 tentei cantar a letra enquanto acompanhava o videoclip com uma imensa nostalgia. Fast Car retirado do álbum homónimo em 1988, é dos temas mais eloquentemente tristes e "bem tratados" que alguma vez ouvi. Em jeito de história, Tracy enquanto canta põem-se na pele da narradora que relata acontecimentos tristes da sua vida de forma cronológica, apenas para realizar que aparenta estar num ciclo vicioso e de forma a escapar a esse "fado" tão triste, terá de tomar uma decisão.
Este single despontou a sua carreira musical e ganhou maior destaque chegando aos ouvidos do mundo na celebração do 70º aniversário de Nelson Mandela. Creio que ter Tracy Chapman numa cerimónia destas para cantar este tema não poderia ser mais apropriado.
Como consequência deste seu "ressurgimento" é certo que vou imediatamente ouvir os seus últimos registos, que de facto até são relativamente recentes mas muito pouco falados por estas bandas.
Fica aqui essa grande malha...
FAST CAR
You got a fast car
I want a ticket to anywhere
Maybe we make a deal
Maybe together we can get somewhere
Anyplace is better
Starting from zero got nothing to lose
Maybe we'll make something
But me myself I got nothing to prove
You got a fast car
And I got a plan to get us out of here
I been working at the convenience store
Managed to save just a little bit of money
We won't have to drive too far
Just 'cross the border and into the city
You and I can both get jobs
And finally see what it means to be living
You see my old man's got a problem
He live with the bottle that's the way it is
He says his body's too old for working
I say his body's too young to look like his
My mama went off and left him
She wanted more from life than he could give
I said somebody's got to take care of him
So I quit school and that's what I did
You got a fast car
But is it fast enough so we can fly away
We gotta make a decision
We leave tonight or live and die this way
I remember we were driving driving in your car
The speed so fast I felt like I was drunk
City lights lay out before us
And your arm felt nice wrapped 'round my shoulder
And I had a feeling that I belonged
And I had a feeling I could be someone, be someone, be someone
You got a fast car
And we go cruising to entertain ourselves
You still ain't got a job
And I work in a market as a checkout girl
I know things will get better
You'll find work and I'll get promoted
We'll move out of the shelter
Buy a big house and live in the suburbs
You got a fast car
And I got a job that pays all our bills
You stay out drinking late at the bar
See more of your friends than you do of your kids
I'd always hoped for better
Thought maybe together you and me would find it
I got no plans I ain't going nowhere
So take your fast car and keep on driving
You got a fast car
But is it fast enough so you can fly away
You gotta make a decision
You leave tonight or live and die this way