Não é que me tenha ausentado muito tempo, mas este meu retiro de três dias talvez tenha descontextualizado um pouco o texto que se segue… É que o assunto no qual vou incidir é nada mais nada menos que a gala da FIFA, que ocorreu a passada Segunda-Feira, dia 11.
Não me querendo alongar muito sobre o assunto (algo que quem me conhece sabe que é impossível, tal é a minha natural apetência para divagar) quero cingir-me apenas a duas categorias: Melhor Jogador e Melhor Treinador.
Para choque de muitos,
Messi foi o grande vencedor da noite ao ganhar, pela segunda vez consecutiva, o prémio de “Melhor Jogador do Mundo”. Com uma concorrência de peso, onde denoto como
tremenda injustiça grande ausência o holandês
Sneijder, o astro argentino fez questão de confessar à audiência que não estava de todo à espera de sair dali com o troféu na mão. Pois bem… nem ele, nem eu (nem muita gente).
Apesar da sua qualidade monumental, talvez apenas superada pela de
Zidane desde que sigo futebol com algum conhecimento e maturidade, acredito que
Xavi deveria ter sido galardoado com o titulo. Por inúmeras razões…
Começo com a mais óbvia: Melhor ano que 2010 é muito difícil de se fazer (ou repetir). Xavi conquistou vários títulos de alto gabarito, tanto a nível de clube como Selecção, tendo-lhe apenas faltado a conquista da Champions, contudo, a conquista da La Liga e o título Mundial na África do Sul representam o auge dos seus múltiplos sucessos desportivos, em oposição a Messi que, apesar de partilhar o título Nacional com Xavi, no decorrer do Mundial esteve muito aquém do nível a que nos habituou.
Depois, outra razão, talvez alheia a muitos seguidores do desporto rei, é a sua idade, que entra em conflito com futuras oportunidades!
Muito dificilmente voltará a disputar o prémio, e como tal, é da minha opinião que lhe deveria ter sido reconhecido não só o ano em questão, como também toda uma carreira ao mais alto nível no Barcelona. Messi terá certamente outras oportunidades de estar presente nas galas da FIFA, pois é jovem e é um poço inesgotável de talento, sendo por isso uma votação por parte dos representantes da FIFA que peca principalmente por não terem tomado em consideração todo esse conjunto de factores.
Apesar não ser totalmente apologista deste tipo de conduta (premiar mais pela carreira que o ano em foco) acho nem seria necessário observar as coisas desse prisma, visto que os feitos de Xavi em 2010 só por si justificam o prémio.
No que toca o “Melhor Treinador”, não houve surpresas e fez-se justiça: Ganhou o nosso
José Mourinho, actual líder do colosso Real Madrid e expoente máximo da nossa linhagem de treinadores.
Apesar das dúvidas levantadas, até pelo próprio Mourinho, no que toca a atribuição do prémio, não havia como fechar os olhos aos feitos que
El Special conseguiu durante o último que ano que passou. Pelo seu currículo já recheado de prémios e grandes marcos, este ano o português juntou uma série de títulos ao serviço do Inter de Milão, mantendo não só o seu poderio na
Calcio, mas também oferecendo a glória Europeia que o clube italiano tanto ansiava.
Mourinho de facto é especial em vários sentidos, mas principalmente na forma como consegue estar envolvido na transfiguração de equipas, passando a auferir de uma condição que as deixa ao nível das melhores do Mundo. É que, sem querer tirar mérito à belíssima equipa que o Inter tem, os italianos não eram propriamente considerados favoritos na luta pela Champions. Muitos diziam que faltavam verdadeiras estrelas no plantel ao nível de um Real Madrid, Barcelona ou Manchester United. Não estou totalmente de acordo, mas compreendo o que queriam dizer… Sneijder era um jogador dispensado de Madrid… Milito (figura crucial nos Nerazzurri) era proveniente de uma equipa do meio da tabela… Stankovic, Motta, Muntari entre outros, constam num leque de nomes com bastantes minutos nas pernas, mais pelo trabalho que incutem em campo do que propriamente “raw talent”.
Pelo meio existiam pontos de interrogação relativamente ao futuro rendimento de alguns jogadores por causa da idade… Enfim!
Ninguém nega que a equipa é forte, mas também duvido que alguém lhes atribuísse o tipo de sucesso que conseguiram no decorrer da passada temporada. A não ser que já estivessem a tomar em consideração o “factor JM” (vou-lhe chamar assim… talvez venha a pegar moda) … e aí sim, existe uma subida de probabilidades na concretização de feitos históricos.
Com Mourinho no comando o estilo de jogo fica agradável, mas acima de tudo fica mais coeso e regular. Passa a haver um maior sentido de sacrifício e entrega, que começa nos balneários, passando para os treinos e jogos. Muito disto está relacionado com as relações humanas, que são inquestionavelmente peça chave no desencadeamento disto, e por isso é que Mourinho é visto por muitos como uma figura paternal.
Por tudo isto, e muito mais, tenho orgulho em ver Mourinho, português dos pés à cabeça, subir aquele pódio, diante dos maiores nomes do futebol (passado e presente) para ser agraciado com tamanho prestigio e glória, ao alcance de poucos.
Mas quando as pessoas analisam e comentam o sucesso desportivo de um português nesta Gala, faço questão de dizer que são dois Portugueses que elevam o nome do nosso País pelo mundo fora. É que se Mourinho esteve em destaque por receber o prémio, há que falar de
Pedro Pinto que está nas entregas. Talvez ofuscado pela cerimónia em si e todas as estrelas cintilantes que ocupam as cadeiras daquele recinto, custa-me por vezes ver a negligência com que algumas pessoas tratam o assunto, ao esquecerem-se de mencionar que Pedro Pinto, uma das caras mais importantes da CNN (estação televisiva com maior reconhecimento
worldwide), é também o “anfitrião” da noite. É sempre de peito cheio que vejo e acompanho a carreira deste belíssimo jornalista, que tanto tem contribuído para o mundo desportivo com o seu trabalho. Eu, enquanto aspirante a jornalista, tenho-lhe reservado uma enorme admiração pela forma que tem singrado além-fronteiras… com grande classe e rigor!
Quer se goste do seu trabalho ou não, a verdade é que Pinto é um exemplo a seguir para qualquer pessoa no meio jornalístico e não só. Sejam quais forem as nossas áreas e pretensões de carreira, podemos sempre olhar para o pivô português como uma referência pela forma como alcançou a condição de que goza hoje. Trabalho, dedicação e acima de tudo, muita fé nas suas capacidades, foram algumas das suas ferramentas para os seus grandes êxitos, que ao fim ao cabo, também são os nossos êxitos enquanto povo Português!